Foto: Novo Centro Administrativo de Minas Gerais, Serra Verde.
1. ORIGEM:
A ocupação da região Norte aconteceu de forma gradativa, tendo sido iniciada por volta de 1930 através de áreas públicas que hoje são representadas pelos bairros Primeiro de Maio e São Bernardo.
O bairro Primeiro de Maio ocupava áreas de antigas fazendas do início do século XX. Posteriormente, estas fazendas dariam origem a outros povoados.
Antes da instalação do Matadouro Municipal, um dos mais importantes povoados assim surgidos, era o povoado do Onça, onde hoje se localiza o bairro Aarão Reis, à margem esquerda do ribeirão de mesmo nome. O Onça era o único povoado que aparecia em destaque em mapas da região.
Daí, talvez, sua importância, pois, já em 1856, haviam estradas que o ligavam ao Arraial de Embiras, e, em 1923, ao Arraial de Venda Nova e ao Centro de BH.
De acordo com o Inventário do Patrimônio Urbano de BH:
" No mapa de 1937 foi possível identificar a Rua Jacuí como único acesso à região norte da cidade e, conseqüentemente, ao povoado do Onça, onde esta rua se encontrava com a estrada para Santa Luzia. Portanto, para se chegar ao Município de Santa Luzia, era obrigatório passar pelo Onça".
A partir de 1930, intensificou-se a ocupação, devido ao grande crescimento demográfico da cidade, que se expandiu para além dos limites da Avenida do Contorno. Assim, começou a surgir a idéia das Vilas Operárias, soluções adotadas para a questão habitacional, pois os lotes de tamanhos reduzidos tinham menor preço.
Em 1937, inaugurou-se o Matadouro Municipal, que foi deslocado para a região devido à disponibilidade de água e para proporcionar fácil acesso aos boiadeiros. Com sua inauguração, foi promovido um novo parcelamento do solo na região, resultando na criação da Vila Operária que deu origem ao bairro São Paulo.
Parte da vila operária, localizada ao norte da atual BR 262, continuou com este nome até 1967.
No inicio, a Vila Operária mantinha intensas relações com o bairro São Paulo pelo fato de, nele, existirem as únicas igrejas e escolas da região. Mas uma diferença de caráter sócio-econômico passou a existir entre a vila e o bairro, principalmente na década de 50, quando a Vila Operária foi invadida por um novo contingente populacional. Esta invasão se deu devido ao rompimento da barragem da Pampulha, o que levou um grande número de desabrigados a se instalar nas vilas da região.
Este episódio confirma a tese de que a região do bairro São Bernardo já vinha sendo ocupada na mesma época que a do bairro Primeiro de Maio. A união das Vilas Santa Maria, Operária, Minaslândia e São José, em 1967, deram origem ao bairro Primeiro de Maio, nome escolhido pelos próprios moradores.
Em 1991, a Prefeitura de Belo Horizonte fez o desmembramento definitivo dos bairros Primeiro de Maio e São Paulo.
A região Norte possui um perfil cultural plural. Suas manifestações artísticas abrangem desde a cultura de resgate, memória e patrimônio das identidades culturais, como os grupos de capoeira, congado e folia de reis, passando pela dança, o hip hop, grafitismo, até o teatro e a música.
O bairro Primeiro de Maio é a principal referência cultural da região. Conta com o Centro de Referência da Cidadania, e é ponto de encontro dos acontecimentos culturais, movimentos festivos e de lazer que acontecem próximo à Igreja Santo Antônio.
2. DESENVOLVIMENTO/INFRA-ESTRUTURA:
O crescimento desordenado na região provocou a ocupação de áreas inapropriadas para habitação. Foram erguidas moradias em morros, em áreas íngremes e às margens de córregos, com elevado risco para esses moradores.
Hoje encontramos na região Norte, duas situações conflitantes: bairros habitados por uma população com melhor poder aquisitivo e infra-estrutura urbana, contrastam com bairros e vilas habitados por uma população carente, com condições mínimas de moradia. É a região que concentra o maior número de conjuntos habitacionais promovidos pelo poder público.
Situada entre 2 aeroportos, Confins e Pampulha, a região ganhou novo acesso após a implantação do metrô, estações Minas Shopping a Venda Nova.
Há na região um predomínio de serviços e produtos de pequeno porte, além de algumas indústrias de médio porte. Apresenta, ainda, possibilidades de expansão econômica e vem sendo valorizada após realizações de obras urbanas como a construção da Via 240 e a canalização de parte do ribeirão do Onça.
A região Norte sempre teve dificuldades de ocupação, por tratar-se de um maciço rochoso, formado por rochas graníticas, apresentando linhas de serra.
Predomina, na região, as atividades mineradoras, como a extração de areia e pedreiras. Sua topografia varia entre 850 e 650 metros.
Os ribeirões do Onça, Isidoro e Pampulha fazem parte das três principais bacias da região, que conta, também, com mais 21 córregos.
A região faz limite com os municípios de Vespasiano e Santa Luzia, com as regiões Pampulha, Venda Nova e Nordeste.
Estão catalogadas 124 áreas verdes, entre elas matas naturais, praças e jardins, os parques do bairro Planalto e o parque Escola Cariúnas. Possui ainda uma grande área verde, em sua maior parte particular, chamada Fazenda Werneck, praticamente desabitada e localizada na UP Isidoro Norte.
Segundo dados do Censo Demográfico de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE, a Região Norte de Belo Horizonte possui uma população de 193.764 habitantes, sendo 100.218 mulheres e 93.546 homens.
A extensão territorial da região é de 33,69 Km², com uma densidade demográfica de 5.750,87 hab/Km², distribuída por suas Unidades de Planejamento, compostas pelos seguintes bairros:
UP BAIRROS/POPULAÇÃO*
JAQUELINE Canaã, Jaqueline, Juliana, Frei Leopoldo, Etelvina Carneiro, Marize, Conjunto Habitacional Zilah Souza Spósito, Conjunto Habitacional Mariquinhas, Clóris. / 28.114 habitantes.
ISIDORO NORTE Zona Rural (norte do Isidoro), Monte Azul (Ind.Rodrigues da Cunha), Antônio Ribeiro de Abreu (oeste do Onça), Conjunto Habitacional Zilah Souza Spósito. / 7.360 habitantes.
FURQUIM WERNECK Zona Rural (sul do Isidoro). / 4.704 habitantes.
PLANALTO Laranjeiras, Vila Clóris, Campo Alegre, Planalto (oeste da Av. Gal. Carlos Guedes. / 15.798 habitantes.
SÃO BERNARDO Planalto (Parque Aviação e Júlio Maria), São Tomás, São Bernardo, Antônio Diniz, Heliópolis, Baronesa de Sta Lúcia, Aglomerado São Tomás/São Bernardo (parte), Parque da Aviação. / 30.075 habitantes.
TUPI/FLORAMAR Floramar, Jardim Felicidade, Tupi, Novo Aarão Reis, Conjunto Habitacional Floramar, Ribeiro de Abreu, Conjunto Habitacional Ribeiro de Abreu. / 53.872 habitantes.
PRIMEIRO DE MAIO Guarani, Aarão Reis, Minaslândia, Providência, Primeiro de Maio, Boa União, Primeiro de Maio, Conjunto Habitacional Providência. / 35.901 habitantes.
JARDIM FELICIDADE Solimões, Conjunto Habitacional Jardim Felicidade. / 17.640 habitantes.
*IBGE-2000.
Na área de educação, a região conta com 19 escolas municipais e 18 estaduais, que atendem alunos matriculados na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino médio e na educação de jovens e adultos. Possui, ainda, 18 creches conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte atendendo, aproximadamente 1.900 crianças.
Na área de saúde, possui 16 centros de saúde com especialidades médicas diversas, dentre elas atendimento à saúde mental e à homeopatia, além da prestação de serviços odontológicos, 1 unidade de pronto atendimento - UPA Norte, 1 laboratório distrital, 1 farmácia distrital, 1 central de esterilização e 1 centro de referência municipal (Centro de Controle de Zoonoses). A região conta ainda com o Hospital Maternidade Sofia Feldman.
A região Norte possui, 4 asilos particulares; e ainda a Casa Transitória - unidade sócio-sanitária com 14 leitos para atendimento temporário de pessoas acima de 60 anos, com saúde debilitada, visando à reinserção familiar e social; o Abrigo do Bairro São Paulo - acolhe moradores de rua, inclusive idosos; o Núcleo Assistencial Caminhos para Jesus - entidade filantrópica que promove o acompanhamento e tratamento de deficientes físicos, além de vários asilos para idosos e 10 Centros de Convivência para a 3ª idade.
A região conta, também, com o Centro de Apoio Comunitário Providência (CAC Providência), o Centro Cultural São Bernardo, o Espaço Cultural Zilah Spósito e o Parque Planalto, que oferecem atividades de cultura, esportes e lazer à comunidade; e com o Núcleo de Apoio à Família - NAF - que presta assistência psicológica e social a famílias e a grupos comunitários.
Quanto à habitação, o Censo Demográfico 2000 mostrou, que a região possui 50.780 domicílios, particulares permanentes, em que cerca de 90% são casas. Dos responsáveis por esses domicílios 70% são homens e 27% têm entre 30 e 39 anos. A maior parte - 51,83% - tem um rendimento entre ½ e 3 salários mínimos.
A Prefeitura de Belo Horizonte começou no mês de abril de 2007, a implementação da primeira etapa do projeto Saneamento para Todos (Drenurbs).
Já estão instalados três canteiros de obras nos bairros Aarão Reis, Primeiro de Maio e Jardim Europa, onde estão sendo investidos R$ 29,82 milhões, em parceria com o Banco Intera-me-ricano de Desenvolvimento.
A meta é entregar à cidade, no ano que vem, totalmente despoluídos, os 2,5 quilômetros de cursos dágua que compõem as bacias dos córregos Nossa Senhora da Piedade, Primeiro de Maio e Ba-leares, nas regiões Norte e Venda Nova.
As obras incluem a implantação de redes de esgoto, parques, praças, ações de educação e outras medidas de recuperação e preservação ambiental.
Para fazer as intervenções, a Prefeitura removeu e reassentou as famílias que viviam em áreas de risco.
Inserido no Programa de Saneamento Ambiental de Belo Horizonte, o Drenurbs orienta ações coordenadas para despoluir e promover a recuperação ambiental de 48 bacias hidrográficas que reúnem 73 córre-gos, somando 140 km de cursos dágua que correm em leito natural numa extensão de 177 km2, abrangendo 51% da área total do município, onde residem 45% dos habitantes da cidade.
De acordo com o secretário municipal de Políticas Urbanas, Murilo Valadares, a implantação plena do programa vai transformar radicalmente o cenário urbano e a vida de mais de um milhão de pessoas. Ele avalia que o Drenurbs reúne a experiência da Prefeitura no trabalho intersetorial das áreas urbana e social, a parceria com organismos de financiamento e a excelência técnica do planejamento de longo prazo sintonizado com as exigências do mundo contemporâneo.
Por isso, além de promover a melhoria das condições locais de saúde, lazer, saneamento, transporte e meio ambiente, acredita o secretário, o Drenurbs orienta intervenções estruturantes de urbanização que têm impacto global no desenvolvimento da cidade.