Foto: Novo viaduto da Av. Crist. Machado, 2008.

 

1. ORIGEM:

Belo Horizonte foi a primeira cidade brasileira planejada. Inaugurada em 1897 pelo governo republicano, previa uma população de 300 mil habitantes para a zona urbana, interna à Avenida do Contorno. Para além dela, haviam os cinturões formados pela zona suburbana e colônias agrícolas.

Já no final da primeira década, esta mancha urbana ultrapassava o limite da Avenida do contorno e se estendia até os bairros Lagoinha, Floresta e Santa Tereza. A partir da década de 30, a cidade se consolidava, crescendo no sentido centro-periferia.

Os primeiros bairros da Região Nordeste foram reflexo desse crescimento. As fazendas da região começaram a ser loteadas para abrigar novos moradores. Excluída da área central, esta população tinha perfil sócio-econômico baixo. Eram trabalhadores e operários da construção civil, migrantes da área rural e favelados.

Esse crescimento espontâneo, aliado a falta de planejamento urbano, implicava na ausência de serviços básicos como água potável, esgoto e vias de acesso. O bairro Concórdia foi um desses bairros, tendo origem na década de 20. Seus primeiros habitantes foram remanejados das proximidades da praça Raul Soares.

Mas a verdadeira ocupação da região somente aconteceu quando surgiram os primeiros empreendimentos industriais, sobretudo, têxteis.

O bairro Cachoeirinha é um exemplo desta epopéia, e sua origem está atrelada à instalação da Fábrica de Têxteis Cachoeirinha, na década de 30.

O bairro Renascença, também da década de 30, teve como marco a inauguração da Fábrica de Tecidos Renascença. Dessa época, também, é o bairro União, anteriormente chamado de Vilas Reunidas, por se tratar de uma área antes ocupada por um conjunto de vilas.

No final da década de 30, surgiu o bairro Cidade Ozanan, cujo marco inicial foi a instalação da Sociedade São Vicente de Paula. Na década de 50, surgiram os bairros Ipiranga, Campos Elíseos e Bairro da Graça, que ganhou grande notoriedade após a inauguração da Igreja de São Judas Tadeu em seus limites teritoriais. Na década de 60, os bairros Cidade Nova, Nova Floresta e Silveira, marcaram a entrada da classe média na região. A Cidade Nova consolidou-se como uma micro região de grande concentração de atividades econômicas.

O sistema viário que girava em torno da rua Jacuí/estrada para Santa Luzia, teve seu eixo alterado com a construção o túnel da Lagoinha e da Avenida Cristiano Machado, acelerando ainda mais a ocupação da área.

Com a consolidação da Avenida Cristiano Machado, surgiram a Feira de Produtores e os empreendimentos Minas Shopping (centro catalisador de cultural e lazer) e o Hotel Ouro Minas, tornando essa avenida um pólo econômico dinâmico, que reforça e valoriza os bairros que estão ao longo do seu traçado, além de favorecer o surgimento de outros, como Palmares e Fernão Dias.

A região é marcada, sobretudo, por enormes disparidades sociais, refletidas nos diferentes padrões de ocupação. Assim, existem desde áreas bastante antigas e consolidadas até outras que estão se abrindo à ocupação. Por outro lado, bairros que abrigam populações de classe média com alto poder aquisitivo, convivem com vilas e favelas.

A maior parte da vegetação nativa da região foi destruída, restando ainda algumas áreas preservadas passíveis de ocupação ao norte/nordeste, com vegetação de cerrado/campo sujo. Existem, na região, 7 parques abertos à visitação pública, nos quais encontram-se espécies de sibipiruna, quaresmeira, sapucaí, ipê, sucupira, unha de vaca, dentre outras espécies arbóreas. Além destes, existem 3 áreas verdes cadastradas pela Prefeitura de Belo Horizonte, que futuramente poderão ser transformadas em parques públicos.

Quanto aos aspectos geológicos, a maior parte de sua área é constituída de rochas do embasamento cristalino arqueano, integrante do complexo de Belo Horizonte e da unidade geomorfológica denominada depressão de Belo Horizonte, onde predominam rochas gnáissico-migmáticas em diferentes estágios de alteração. Sua topografia, em geral, é levemente acidentada, com altitudes variando entre 760 e 980 metros.

Os cursos d´água mais importantes são o ribeirão do Onça, córrego Gorduras, córrego Cachoeirinha, córrego São José, córrego do Espia, todos integrantes da bacia hidrográfica do Rio das Velhas e do Onça.

2. DESENVOLVIMENTO/INFRA-ESTRUTURA:

De acordo com o Censo Demográfico de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a Região Administrativa Nordeste de Belo Horizonte possui uma população de 274.060 habitantes, sendo 144.023 mulheres e 130.037 homens.

A extensão territorial da região é de 39,59 Km², com uma densidade demográfica de 6.922,28 hab./Km², distribuída em suas Unidades de Planejamento, compostas pelos seguintes bairros:

UP BAIRROS/POPULAÇÃO*

CAPITÃO EDUARDO Zona Rural (Leste do Onça), Capitão Eduardo, Conjunto Habitacional Capitão Eduardo, Conjunto Habitacional Paulo VI (parte). / 7.639 habitantes.

RIBEIRO DE ABREU Aglomerado B. Linha/Dom Silvério/São Gabriel/Triba (parte), Ribeiro de Abreu (parte), Conjunto Habitacional Paulo VI (parte). / 23.771 habitantes.

BEMONTE Belmonte. 42.205. habitantes.

GORDURAS Gorduras, Jardim Vitória, Borges, Vila Maria. / 14.614 habitantes.

SÃO PAULO/GOIÂNIA São Paulo, Fernão Dias, Dom Joaquim, Eymard, Pirajá, Maria Goretti, Vila Brasília, Goiânia, Alvorada, Guanabara, São Benedito, Aarão Reis, Carioca, Vila de Sá. / habitantes. / 61.080 habitantes.

CRISTIANO MACHADO Maria Virgínia, Palmares, Ipiranga, União, Cidade Nova, Renascença, Nova Floresta, Bairro da Graça, Silveira, Matadouro, Universitário (parte), Vila Ipiranga. / 74.210 habitantes.

CACHOEIRINHA Santa Cruz, São João Batista, Cachoeirinha, Universitário (parte), Inestan (parte), Vila Coqueiro da Paz, Nova Cachoeirinha. / 32.885 habitantes.

CONCÓRDIA São Cristóvão (direita da Av. Antônio Carlos), Lagoinha (direita da Av. Antônio Carlos), Vila do Pombal, Tiradentes, Concórdia. / 17.656 habitantes.
*IBGE-2000.

Na área de educação, a região Nordeste conta com 30 escolas municipais, 27 estaduais, 2 universidades e diversas escolas particulares do ensino fundamental e médio, além de 24 creches conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte.

Na área de saúde, possui 25 unidades de responsabilidade da Prefeitura, sendo 21 centros de saúde, 1 unidade de pronto atendimento - UPA, 1 central de esterilização, 1 farmácia distrital e 1 centro de referência em saúde mental - CERSAM.

Conta também com o Centro de Vivência Agroecológica - CEVAE Capitão Eduardo - que promove programas de intervenção sócio-ambiental, através de ações nas áreas de educação ambiental, segurança alimentar e saúde, agroecologia e geração alternativa de renda.

A região conta, ainda, com o Centro de Apoio Comunitário São Paulo- CAC São Paulo, o Centro de Apoio Comunitário União-CAC União, que oferecem atividades culturais, esportivas e de lazer, e o Núcleo de Apoio à Família - NAF, que presta assistência psicológica e social.

Quanto à habitação, o Censo Demográfico 2000 mostrou, também, que a região Nordeste possui 75.465 domicílios particulares permanentes em que cerca de 78% são casas. Dos responsáveis por esses domicílios, 68% são homens e quase 26% têm entre 40 e 49 anos. A maior parte - 42,74% - tem um rendimento entre ½ e 3 salários mínimos.